"(Em Inglaterra) espectadores com deficiência queixam-se de condições nos concertos", in Blitz
Ora, aqui está um assunto pertinente, que o Blitz fez muito bem em abordar e que devia ser colocado à consideração dos organizadores de eventos musicais deste paÃs.
Na qualidade de pai de uma criança com mobilidade reduzida, sempre que vou a um concerto ou festival, coloca-se-me a questão: "como poderá o meu filho, um dia, desfrutar de tudo isto?. Que condições existem para que ele, numa cadeira de rodas, no futuro, possa assistir dignamente a um concerto da sua banda preferida?".
É com tristeza que de imediato constato que, também nesta matéria, não terá a vida facilitada.
A começar pelo acesso aos recintos, que raramente são pensados para facilitar a mobilidade a cidadãos com mobilidade reduzida e respectivos acompanhantes.
Lugares de estacionamento para deficientes perto da entrada dos recintos, nem vê-los. Viajar nos transportes públicos, pode ser uma aventura para um alguém com mobilidade reduzida, pelo que é normal estes recorrerem a transporte "próprio" (regra geral, de familiares) para se deslocarem para este tipo de eventos. Daà serem indispensáveis lugares de estacionamento reservados a deficientes o mais perto possÃvel da entrada. Caso contrário, uma pequena distância pode tornar-se numa grande distância.
Já dentro do recinto, começa outra aventura: encontrar um lugar onde seja possÃvel assistir comodamente ao concerto.
Os festivais de música que conheço, costumam ter áreas reservadas para os cidadãos com mobilidade reduzida. Umas mais bem posicionadas que outras, é certo.
No Meco, por exemplo, essa área fica tão afastada do palco que só com uns binóculos é possÃvel assistir aos concertos. Sendo que, no Meco, já é uma sorte que alguém numa cadeira de rodas consiga chegar a uma dessas áreas, tendo em conta a natureza do piso do recinto, que é uma mistura de terra com areia capaz de deixar qualquer um à beira de um ataque de nervos.
Depois há ainda outras questões, como os WC.
Têm de haver WCs reservados e adequados a cidadãos com mobilidade reduzida, ou o simples acto de fazer um xixizinho pode transformar-se num pesadelo.
Mas nem sempre isso acontece. Ou quando acontece, são ocupados por quem deles não precisa.
Por fim, o mais importante: a questão dos acompanhantes.
A maioria dos cidadãos com mobilidade reduzida, não consegue fazer uma vida autónoma, logo não consegue ir a um concerto sem alguém que o acompanhe e o ajude nas tarefas mais básicas e essenciais. E até na sua protecção. Pelo que não faz sentido que, em Portugal, se obrigue o acompanhante de um deficiente a pagar um bilhete por inteiro.
Em Inglaterra, pelo que sei, é comum oferecer-se um bilhete duplo aos cidadãos com mobilidade reduzida e respectivo acompanhante. Em Portugal, alguns clubes de futebol, fazem o mesmo ou, em alternativa, cobram apenas metade do preço do ingresso.
Porque razão os promotores de espectáculos não adoptam a mesma polÃtica?
Perderiam assim tanto dinheiro se o fizessem? Não me parece.
Aquilo que me parece é que há alguma falta de sensibilidade para com os cidadãos com mobilidade reduzida e os deficientes, em geral. Cumpre-se os mÃnimos impostos pela lei e chega.
Mas é pouco. É preciso fazer mais. É possÃvel fazer mais. Sem que tal implique grandes custos ou grande esforço. É tudo uma questão de sensibilidade e vontade. Basta pensar um pouco mais nos outros. Até porque ao pensar nos outros, estamos a pensar em nós próprios. Um dia, um azar inesperado pode enviar-nos para uma daquelas cadeiras. Acontece todos os dias...
Infelizmente, a manterem-se estas condições, nos próximos tempos, não me vejo a ir a um concerto ou festival de música na companhia do meu filho.
Há muito a mudar e a melhorar nesta matéria. Mas, para isso, é preciso que estes assuntos se discutam, pois só assim é possÃvel sensibilizar quem de direito.
Gostava de ver este assunto mais vezes abordado pela comunicação social e pelos agentes envolvidos. Que diabo, organizam-se fóruns para debater/falar/discutir os festivais de música em Portugal e ninguém traz estas matérias à baila? Não são tão importantes como as outras? Faz-me confusão...
Porque continuam a haver cidadãos de primeira e de segunda?
Porque continua esta discriminação silenciosa?
Está na altura de mudar.
Vamos lá, não custa nada.
Na qualidade de pai de uma criança com mobilidade reduzida, sempre que vou a um concerto ou festival, coloca-se-me a questão: "como poderá o meu filho, um dia, desfrutar de tudo isto?. Que condições existem para que ele, numa cadeira de rodas, no futuro, possa assistir dignamente a um concerto da sua banda preferida?".
É com tristeza que de imediato constato que, também nesta matéria, não terá a vida facilitada.
A começar pelo acesso aos recintos, que raramente são pensados para facilitar a mobilidade a cidadãos com mobilidade reduzida e respectivos acompanhantes.
Lugares de estacionamento para deficientes perto da entrada dos recintos, nem vê-los. Viajar nos transportes públicos, pode ser uma aventura para um alguém com mobilidade reduzida, pelo que é normal estes recorrerem a transporte "próprio" (regra geral, de familiares) para se deslocarem para este tipo de eventos. Daà serem indispensáveis lugares de estacionamento reservados a deficientes o mais perto possÃvel da entrada. Caso contrário, uma pequena distância pode tornar-se numa grande distância.
Já dentro do recinto, começa outra aventura: encontrar um lugar onde seja possÃvel assistir comodamente ao concerto.
Os festivais de música que conheço, costumam ter áreas reservadas para os cidadãos com mobilidade reduzida. Umas mais bem posicionadas que outras, é certo.
No Meco, por exemplo, essa área fica tão afastada do palco que só com uns binóculos é possÃvel assistir aos concertos. Sendo que, no Meco, já é uma sorte que alguém numa cadeira de rodas consiga chegar a uma dessas áreas, tendo em conta a natureza do piso do recinto, que é uma mistura de terra com areia capaz de deixar qualquer um à beira de um ataque de nervos.
Depois há ainda outras questões, como os WC.
Têm de haver WCs reservados e adequados a cidadãos com mobilidade reduzida, ou o simples acto de fazer um xixizinho pode transformar-se num pesadelo.
Mas nem sempre isso acontece. Ou quando acontece, são ocupados por quem deles não precisa.
Por fim, o mais importante: a questão dos acompanhantes.
A maioria dos cidadãos com mobilidade reduzida, não consegue fazer uma vida autónoma, logo não consegue ir a um concerto sem alguém que o acompanhe e o ajude nas tarefas mais básicas e essenciais. E até na sua protecção. Pelo que não faz sentido que, em Portugal, se obrigue o acompanhante de um deficiente a pagar um bilhete por inteiro.
Em Inglaterra, pelo que sei, é comum oferecer-se um bilhete duplo aos cidadãos com mobilidade reduzida e respectivo acompanhante. Em Portugal, alguns clubes de futebol, fazem o mesmo ou, em alternativa, cobram apenas metade do preço do ingresso.
Porque razão os promotores de espectáculos não adoptam a mesma polÃtica?
Perderiam assim tanto dinheiro se o fizessem? Não me parece.
Aquilo que me parece é que há alguma falta de sensibilidade para com os cidadãos com mobilidade reduzida e os deficientes, em geral. Cumpre-se os mÃnimos impostos pela lei e chega.
Mas é pouco. É preciso fazer mais. É possÃvel fazer mais. Sem que tal implique grandes custos ou grande esforço. É tudo uma questão de sensibilidade e vontade. Basta pensar um pouco mais nos outros. Até porque ao pensar nos outros, estamos a pensar em nós próprios. Um dia, um azar inesperado pode enviar-nos para uma daquelas cadeiras. Acontece todos os dias...
Infelizmente, a manterem-se estas condições, nos próximos tempos, não me vejo a ir a um concerto ou festival de música na companhia do meu filho.
Há muito a mudar e a melhorar nesta matéria. Mas, para isso, é preciso que estes assuntos se discutam, pois só assim é possÃvel sensibilizar quem de direito.
Gostava de ver este assunto mais vezes abordado pela comunicação social e pelos agentes envolvidos. Que diabo, organizam-se fóruns para debater/falar/discutir os festivais de música em Portugal e ninguém traz estas matérias à baila? Não são tão importantes como as outras? Faz-me confusão...
Porque continuam a haver cidadãos de primeira e de segunda?
Porque continua esta discriminação silenciosa?
Está na altura de mudar.
Vamos lá, não custa nada.
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